A ocupação de Santa Izabel do Pará iniciou-se no ano de 1875, com acordo do presidente da província com os cidadãos americanos. Mil aceitaram ocupar a nova colônia; sendo que logo embarcaram; sendo denominada Nossa Senhora do Carmo de Benevides.
Nesse período, chegaram 180 colonos: 87 franceses, 35 italianos, 33 espanhóis, 11 alemães, 8 belgas, 2 argentinos elevando o número de imigrantes para 364.
Em 1877, por por motivo da grande seca, chegaram 800 nordestinos. No ano de 1878, chegaram 12500 imigrantes perfazendo um total de 13300 colonos.
Para esclarecer os leitores, a organização fundiária atual de Santa Izabel do Pará é composta das colônias Núcleo Colonial Nossa Senhora do Carmo de Benevides, com 572 lotes, colônia Araripe (Americano, 1888, com 218 lotes), Nucleo Colonial Gleba Tacajós e Pernambuco, criadas no governo João Goulart. Outras áreas demarcadas foram efetuadas com a criação da delegacia do ITERPA, no governo Jader Barbalho; sendo que essas áreas localizam-se no Baixo Caraparú; sendo que o módulo agrícola das colônias obedeciam a metragem de 330x660, ou 250x1000 metros. Já na demarcação das áreas feitas pelo ITERPA, não obedeceu este critério, pois as terras já estavam ocupadas por antigos moradores.
A colonização remonta ao ano de 1885, cujo nome foi denominado Colônia Araripe, em homenagem ao presidente da província doutor Tristão de Alencar Araripe. Teve sua fundação oficial no ano de 1886, pelo doutor Olavo da Costa. Os trabalhos foram iniciados em 1885 e concluídos no ano de 1886, já na administração do desembargador João Araújo Freitas Henrique, cujo objetivo principal era a contratação de imigrantes açorianos que ao chegarem ao local não quiseram nem saltar do comboio ferroviário que os trouxe.
De fato eio a ser povoado a partir do ano de 1888, com a vinda de flagelados nordestinos da terrível seca daquele ano. Vale salientar que a vinda dos açorianos foi em decorrência da atividade de vulcões em seu pais.
Em 1889, chegaramoutros imigrantes estrangeiros - espanhóis, portugueses e americanos - ocupando as terras dos núcleos coloniais Ferreira Pena e Araripe, com 218 lotes de vinte e cinco hectares onde foram localizaos, além deles outros trezentos nordestino.
Os estrangeiros recebiam durante os seis primeiros meses alimentação necessária para seu sutento e mais seis meses meia ração até completar um ano de instalação, casa para sua residência e uma roça já plantada e no caso de não se adaptarem despesa para repatriação. Já ao nacional era dado umlote de terra e o local para armar suas barracas (tapiri). No ano de 1909, já existiam uns engenhos na vila ou núcleo coloniais, uns engenhos movido a vapor, algumas hidrelétricas e duas serrarias.
O núcleo Colonial Araripe passou a ser denominado Americano em função de existir grande propriedade pertencente a um imigrante americano, conhecido pelos moradores por Quelemon, mas cujo nome verdadeiro era Clemont ou Kelmom. Nesta mesma localidade ainda funcionava um curtume denominado Curtume Americano, que depois foi transferido para a capital. O certo é que ganhou nome de vila e como diz o velho ditado que a voz do povo é a voz de Deus, foi oficializado pelos que governam.
Estou retornando da capital onde passei quatro anos trabalhando. Salto do trem e algumas lembranças envolvem minha memória. Lembro-me que era aqui, em torno da estação que brincávamos de pira mãe e outras brincadeiras. Também recordo que morávamos quase em frente a estação; assim, toda novidade chegada pelo trem, eu ia correndo gritando dar ciência a minha mãe.
Neste envolvimento de lembranças. relembro que, certa manhã, saltaram várias famílias com crianças mal vestidas, mostrando grande cansaço da viagem. Algumas pessoas diziam se tratar de arigós expulsos pela seca. Então saí gritando em direção a minha casa:
- Mamãe, mamãe! Chegou no trem muita gente que dizem ser arigós.
- Arigós, não, meu filho. São retirantes fugindo da seca - Explicou-me mamãe - Assim como meu pai, minha mãe e eu chegamos aqui.
Imediatamente preparou comida do pouco que tinha e ordenou:
- Vá deixar para as crianças, pois quando chegamos também nos ajudaram.
Quando retornei à estação já havia pessoas arranjando algum alimento para eles e aquelas famílias, em pouco tempo, passaram a fazer parte da vida econômica e social da vila, fazendo farinha de metade, empreitadas em troca de gêneros alimentício, etc. Mas quando chove no nordeste os retirantes voltam às suas origens a passeio, porém uns ficam definitivamente até que a seca os expulse novamente.
De volta a realidade, encontro vários colegas que são mais conhecidos pelos apelidos: Jaburu; Mazinho, ou Sete Línguas; Barraca; Pedrão; Zezinho; Negão Otávio e seu irmão, José Bate-estaca; Budela e Samuel, seu irmão mais novo, que por seus próprios nomes. Encontro ainda Cícero, um dos irmãos mais velhos de Otávio e José, que mora perto da minha casa. Ele me acompanha falando de seus trabalhos e por fim acaba me convidando para trabalharmos juntos, fazendo alguns dias de serviço e trocando outros.
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